Ora bem! O que é que estou a fazer de novo no Rio? De facto foi uma decisão difícil, sempre me imaginei a ir para os Estados Unidos depois de terminado o curso (coisa que já está, ah yeahhh!). Mas a questão é que, dia 28 de Fevereiro saí desta cidade sem estar pronta. Usei a palavra "adeus" muitas vezes, mas a verdade é que nunca me cheguei a despedir. Como bem sabem os que estão mais próximos de mim, foram mais de mil as vezes que eu suspirei pelo Brasil, pelo Rio, pela Vila Kennedy, pela vida carioca. Voltei. E, entendam-me, pela primeira vez não foi fácil. Não é Erasmus, não é estágio curricular, é uma loucura e vontade de viver que nem eu sem explicar. Ir à toa pode mexer com a cabeça, mas eu tentei que não me afectasse. E a minha preocupação principal não deixou de ser o meu puto.. :) Apoio-me naquilo que já tenho repetido várias vezes: não há melhor sensação que saber que tudo estará igual quando voltar. E estará com certza.
Aterrei no Rio que me acolheu, tal como da outra vez, com chuva. Mas chuva abafada. Fui para o hostel onde era suposto trabalhar (não vou pôr aqui o nome, não vá o diabo tecê-las ;p), onde fui recebida por um norueguês hippie de 33 anos. Muito simpático, até aí parecia tudo normal. No entanto....
1. O staff room tem, a sério, uns 4 metros quadrados. Cheio de teias de aranha, absolutamente nojento. O pior é que o único trabalhador do momento era o tal norueguês e as nossas camas estavam literalmente coladas. Creepy. Uma das casas de banho parecia a que eu tinha em Pisa (não é um elogio.), sendo que não tinha porta, só uma cortina. A outra tinha, de facto, uma porta, só não fechava.
2. A dona do hostel estava deprimidíssima porque, aparentemente (disse-me o norueguês), o namorado tinha acabado com ela. Então falou-me durante 30seg e voltou para o quarto para se lamentar durante dois dias seguidos. Quero dizer, não me interpretem mal, eu passaria 3 meses no quarto (sou tão amorosa.), mas chego para trabalhar e ela não me diz nada..?
3. Era suposto haver uma desformigação (diz-se assim? ;p), só de si uma necessidade triste, então não havia um único hóspede. Por favor, conseguem imaginar uma situação mais estranha para alguém que aterra à toa no Rio de Janeiro..?
ENTÃO! Dormi lá na primeira noite a tentar conformar-me. No dia seguinte, na maior tempestade, decidi ir visitar uma organização com a qual quero trabalhar. Depois, pensando no quarto feioso e todo o contexto do hostel, decidi aventurar-me para Santa Tresa (♥) onde sabia que havia outra pousada a aceitar work exchange, Cheguei profundamente encharcada e a dona ficou meio intrigada ("were we waiting for you..?"). Mas disse-me que, por acaso, estavam à procura de alguém. Mostrou-me a casa, que eu amei, e ficou com os meus contactos. Disse que dois meses era pouco tempo, que em princípio não dava, mas que me depois me informava da decisão dela.
Voltei para o creepy hostel sem saber se haveria de ter a mínima esperança. Duas horas mais tarde, um e-mail: GOSTARAM DE MIM E QUEREM-ME A TRABALHAR COM ELES! Durmo toda feliz ao lado do norueguês com a consciência que seria a última noite assim. Dia seguinte agarrei nas malas e lá vim eu para a (agora) minha casinha! Há que dizer que a dona do outro hostel continua tão deprimida que acho que nem percebeu quando lhe disse que ia embora. Whatever.
Há mais voluntários (americanos, colombianos, holandeses) para fazer turnos, 3 cães para passear, vistas maravilhosas. Deixo aqui algumas fotozinhas!
Entretanto hoje voltei à Vila Kennedy! Voltar a ver a Cleide foi óóóóptimo, ver que o CCI mudou imenso também, mas tive uma má notícia na qual ainda agora estou a pensar. Oh well. (Claro que entretanto comi um açaí a voltar para casa, não consegui resistir.)
Quero agora encontrar um belo projecto de desenvolvimento comunitário! Estou à espera de respostas!
E é isto, escrevi imenso, mil desculpas!
Beijinho carioca :)